terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cenas de um calabouço I


Expectativas de espetáculo, dominação exibicionista, eu, Rainha, atração sem igual disposta nesse dia ao desfrute burguês, pagantes inadvertidos, baunilhas, voyeurs de uma sociedade hipócrita, me divertem, para eles me mostrarei, caro lhe cobrarei, assistência completa para a sessão da Rainha da Vida Secreta, Mariangela despudorada, mulher sem limites, fodedora, fodida, exibida, acima de tudo mulher incontida, desejosa dos próprios desejos, pecadora dos próprios pecados, livre, anárquica, libertária, apresento-me na arena do matadouro exibindo meu corpo, realçado por aquilo que escondo, lingeries, sedas, transparências, poucas sabem da importância da visualidade de uma calcinha úmida, da buceta peluda, dos pelos que surgem pela graça da molhada, pelo cheiro que se fixa e se espalha, pela postura real necessária que não se atinge com o corpo todo nu e aparente, situação deliciosa, mas para outra circunstância e ocasião, burgueses excitam-se mais com as sugestões do que com realidades, mais com segredos do que com evidências, uma Rainha reina em função de tais manias, assume seu papel por causa dessas taras, exerce seu poder por força de fetiches, Rainhas são a essência dos desejos de todos os que se imaginam anormais, de todos os que escondem seus segredos que só ela, majestosa, os compele e obriga a revelar. Domino minha fêmea, uma delas, minha preferida nessas ocasiões, exibe-se sem pudores, gosta, ama meu poder inaudito, a ele se submete gostosa, desempenha como poucas o papel da possuída, grita, ri, chora, roda, cambaleia, deixa-se bater, geme de prazer ao apanhar, gosta mesmo, não simula, pede mais, grita palavrões e quanto mais a domino mais pede, mais se submete, estupor geral, nunca ninguém imagina isso como forma de amar. Prendo-a ao tosco brete de madeira, com correntes, trato-a como ela gosta, uma vaca, uma filha da puta ordinária, vadia e cadela, palavras que a seus ouvidos soam como maviosa música do oriente que ambas amamos aonde muito aprendemos sobre os tratos e tratativas entre mulheres, nossos melindres e nossos temores, nossos tremores e nossas paixões, nossas bucetas, bocas, bundas e todo um corpo que dominamos para nosso prazer e, agora, para um prazer burguês de voyeurs observadores, secretos, escondidos sob máscaras, na penumbra da platéia. Pagantes de pequenas fortunas para satisfazer suas curiosidades mórbidas sobre algo que lhes falta a coragem de fazer. Uso e abuso de minha favorita, espanco-a, excito-a, com uma chibata múltipla acaricio-lhe as coxas, a barriga, desfiro-lhe chibatadas, ouço murmúrios da platéia, olho, imponho-lhes silêncio, obedecem e então desfiro a chibatada violenta, certeira, direta sobre a buceta da vadia, que tenta se contorcer de dor, e não consegue pelas correntes que a imobilizam, sons abafados, outros murmúrios, permito-lhes, sentem-se a vontade, ouço incentivos, correspondo, bato, açoito, exclamações de aprovação, gemidos de participação, sobre o corpo da cadela, sento em sua barriga, minha buceta molhada esfrega-se na dela, desfiro-lhe tapas na cara, violentos, fodo-a na buceta, inicio movimentos, quadris e cintura, pélvis em plena atividade, provocantes, juntas chegamos, com diferenças mínimas de tempo a orgasmos retumbantes, nos liberamos nesse instante, da platéia ignara, nos locupletamos uma na outra, vagabundas e cachorras, nos molhamos, exalamos odores, suamos, sob as calcinhas molhadas se vislumbram, delineadas, nossas bucetas arfantes, uma engolindo a outra, gozamos para essa gente, alguns fazem caras e bocas, são os ricos indigentes, reduzidos ao que são de fato, receosos do prazer, ignorantes do tesão, observadores da paixão, escravos da razão, um dia se libertarão e então, meus serão, pois nesse momento, quando gozamos loucamente eu e minha fêmea, enquanto eu a beijo potente, lambendo sua cara, exibindo a minha língua treinada e musculada, enquanto enfio os dedos entre suas pernas, todos eles prorrompem em aplausos, gritos e assobios, demonstração de nervosa e mental excitação. As luzes diminuem e eu me retiro, Rainha domina, excelsa e triunfal, sem um único olhar para essa gente. Emílio, macho inimitável, libera minha puta, gentilmente, homem que é, e sabedor de suas funções, exibe-a, fodida e molhada, gostosa e gozada, para esse conjunto de seres ansiosos sem saciedade, olho da penumbra e percebo muita excitação, um ar rarefeito e límpido, ideal para a sexualidade. Saberão usá-lo? Não sei. Secretamente entre eles circularei, sem saberem que sou a Rainha, a fodedora, a Domme por eles sonhada, vou me divertir.

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